95 TESES CONTRA O DISPENSACIONALISMO



PREFÁCIO

O que segue não deveria ser interpretado como significando que colocaríamos todo dispensacionalista fora da fé cristã. Reconhecemos que a maioria deles são dedicados às doutrinas ortodoxas fundamentais do Cristianismo. Diferente da disputa do século dezesseis sobre a doutrina da justificação, essa é uma discussão em família, um debate entre cristãos evangélicos. Reconhecemos e estimamos todos os crentes nascidos de novo, e que são dispensacionalistas, como irmãos e irmãs em Cristo.

Contudo, devemos lembrar que Paulo amava Pedro, seu companheiro no apostolado, e estimava-o como o mais velho e mais honrado deles dois. Todavia, quando o assunto foi um ponto de teologia que tinha implicações profundas para a pureza e saúde da Igreja, Paulo foi constrangido, por seu amor a Cristo e à Verdade, a repreender Pedro publicamente na cara (Gálatas 2:11).

Portanto, porque cremos que o dispensacionalismo tem no mínimo enfraquecido a Igreja em seu dever e proclamar o evangelho e discipular as nações, e por amor à verdade e desejo de trazê-la à luz, as seguintes proposições serão discutidas numa série de vídeos escritos e produzidos pela NiceneCouncil.com, sob o título The Late Great Planet Church. E como o ferro afia o ferro, pedimos que todo cristão, congregação e denominação discuta e debata essas questões. Pela graça do nosso grande Soberano, engajemo-nos nesse debate com a mente e a Bíblia aberta. Como os bereanos de quase dois mil anos atrás, “examinemos cada dia as Escrituras, para ver se estas coisas são assim.”

Kenneth Gentry





95 TESES CONTRA O DISPENSACIONALISMO




1. Contrário à alegação dos dispensacionalistas que seu sistema é o resultado de uma “clara interpretação” (Charles Ryrie) da Escritura, ele é uma inovação relativamente nova na história da Igreja, tendo emergido somente por volta de 1830, e era totalmente desconhecido aos estudiosos cristãos nos primeiros mil e oitocentos anos da era cristã.

2. Contrário à freqüente alegação dos teólogos dispensacionalistas que o “pré-milenismo é a fé histórica da Igreja” (Charles Ryrie), o antigo pré-milenista Justino Mártir (100-165 d.C.) declara que “muitos que pertencem à fé pura e piedosa, e são cristãos verdadeiros, pensam de outra forma.” O pré-milenista Irineu concordava. Uma forma primitiva de cada uma das três principais visões escatológicas de hoje existia desde o segundo século em diante. (Veja as admissão dos pré-milenistas D. H. Kromminga, Millennium in the Church e Millard J. Erickson, Christian Theology).

3. Contrário à tentativa dos dispensacionalistas em ligar sua história àquela dos Pais pré-milenistas da Igreja primitiva, aqueles antigos pré-milenistas sustentavam posições que estão fundamentalmente fora de acordo com os próprios princípios fundacionais do dispensacionalismo, fundamentos que Ryrie chama de “a parte central do dispensacionalismo”, tais como (1) uma distinção entre a Igreja e Israel (isto é, a Igreja é o verdadeiro Israel, “a verdadeira raça israelita” (Justino Mártir) e (2) que “o judaísmo… chegou agora ao fim” (Justino Mártir).

4. A despeito da alegação de antiguidade do dispensacionalismo por meio de sua associação com o pré-milenismo histórico, ele se afasta radicalmente do pré-milenismo histórico ao promover um milênio que é fundamentalmente judaico, e não cristão.

5. Contrário à afirmação de muitos dispensacionalistas que os judeus de hoje são fiéis ao Antigo Testamento e adoram o Deus de Abraão, Isaque e Jacó (Hagee), o Novo Testamento ensina que não existe tal coisa como “Judaísmo ortodoxo.” Qualquer judeu de hoje que alegue crer no Antigo Testamento e, todavia, rejeite Cristo Jesus como Senhor e Deus, rejeita o Antigo Testamento também.

6. Contrário à afirmação dos dispensacionalistas que a Igreja primitiva era pré-milenista em sua escatologia, “nenhum dos principais credos da igreja incluem o pré-milenismo em suas declarações” (R.P. Lightner), embora o milênio seja supostamente o plano de Deus para Israel e o próprio objetivo da história, o que portanto deveríamos esperar achar em nossos credos.